quarta-feira, 12 de maio de 2010

O impulso da curiosidade artística

Impulsionado pela curiosidade. Assim teve início a notável carreira de Irahy Leite. Artista plástico dono de uma simpatia singular e de obras que seduzem pela beleza. “Eu nunca busquei ser artista plástico; aconteceu de forma espontânea. As artes foram, a cada dia, tomando um pouco mais de espaço em minha vida, até que se tornaram plenitude absoluta. O que era apenas lazer tornou-se profissão”, revela.

Irahy Leite é engenheiro civil por formação acadêmica, mas é nas artes plásticas onde mora sua verdadeira e apaixonada vocação. Com mais de 40 de anos de experiência, o artista é um profissional disciplinado e extremamente curioso, que busca ampliar seus conhecimentos através de viagens onde absorve a essência da atmosfera local. De natureza onírica, Irahy se destaca da trivialidade artística.

O traçado figurativo permeia as obras do artista plástico revelando de forma intimista as imagens humanas, em sua maioria mulheres, em momentos de expressão de sentimentos. Irahy Leite segue seus instintos e imprime em obras repletas de refinamento e sofisticação o expressionismo gráfico, as paisagens tropicais e as imagens renascentistas, de onde retira sua maior influência. “Minhas telas têm a intenção de retratar apenas o belo, com prazer, a partir de uma abordagem própria”, destaca o artista.

Jacob Burckhardt, renomado filósofo e historiador suíço, define o período do Renascimento como uma época de descoberta do mundo e do homem. O período foi visto como uma nova concepção de vida adotada por uma parcela da sociedade, recuperando os valores da cultura clássica, porém aplicando-os de uma nova maneira a uma nova realidade. A pintura renascentista é em essência linear; o desenho era considerado o alicerce de todas as artes visuais. Nesta época acentuou-se o estudo da natureza; o naturalismo aguçou o espírito do homem.

Artista de descendência italiana, o Renascimento está intrínseco a Irahy Leite, que tem peculiaridades em suas obras. “Gosto de produzir obras renascentistas com ‘rasgões’ na imagem, de forma que o observador seja levado a entender a continuidade do risco. Opto ainda por mesclar pintura com colagem de jornal ao fundo, induzindo a um traço de memória na obra. Tudo orientando para a curiosidade na observação”, explica o artista plástico, que não coloca a figura humana em suas telas de paisagens selvagens para que não haja interferência no significado.

Embora também faça trabalho com tinta a óleo, é na pintura com têmpera sobre estuque onde se deposita o entusiasmo de Irahy Leite, que pinta apenas durante o dia, aproveitando-se da luz natural, onde pode observar com maior clareza a real tonalidade das cores na tela. O artista ainda desenvolve esculturas em ferro e aço de traços contemporâneos, e destaca que arte e ambientação são complementares.

Rompendo com o pragmatismo, onde as ideias são instrumentos de ação que só valem se produzem efeitos práticos, Irahy Leite se apresenta como um artista plástico hedonista, reforçando a ideia de que o homem pode produzir o belo, pode gerar uma obra apenas pelo prazer que isso possa lhe proporcionar. “Não tenho intenção de fazer um trabalho de denúncia, de crítica ou reivindicação. Faço porque gosto e porque me dá prazer”, enfatiza.

A espontaneidade dos acontecimentos e a aguçada curiosidade de Irahy Leite tornaram sua carreira diferenciada. Sem priorizar momentos, este profissional de personalidade reservada, tem nas artes plásticas o motivo de sua realização pessoal e satisfação plena. “Hoje, a arte é para mim o meu alimento de corpo e alma”, reflete o artista plástico.